Ralé Brasileira
QUEM É E COMO VIVE
Quem se sabe pouco sobre assuntos tão importantes, não só não se admite que não se sabe, como tenta-se também passar a impressão de que se sabe muito. É isso que explica que cientistas sociais de todos os matizes, políticos de todos os partidos, jornalistas de todos os jornais e canais de TV acreditem efetivamente que a realidade seja transparente, de fácil acesso, e confundam o tempo todo “quantificação” e o fetiche dos “números” com “interpretação” e “explicação”.
- Tendo em vista que a realidade não é a mesma para todos os brasileiros, como poderia nosso governo e até o próprio brasileiro conhecer todos os problemas sociais enfrentados no dia a dia? Muito se fala sobre o conhecimento desses problemas, mas será que se realmente soubéssemos quais são eles não já teríamos soluções? Podemos utilizar como exemplo o fato de que muitas pessoas dizem conhecer umas as outras, sendo que não conhecem nem a si próprio, creio que o mesmo aconteça com as pessoas que dizem conhecer os problemas enfrentados pela ralé brasileira.
Onde reside, no raciocínio acima, a “cegueira” da percepção economicista do mundo? Reside em literalmente não “ver” o mais importante, que é a transferência de “valores imateriais” na reprodução das classes sociais e de seus privilégios no tempo. Reside em não perceber que, mesmo nas classes altas, que monopolizam o poder econômico, os filhos só terão a mesma vida privilegiada dos pais se herdarem também o “estilo de vida”, a “naturalidade” (...)
- Quando o texto retrata a “cegueira” economicista do mundo, faz referência a maneira como a sociedade caminha hoje em dia, com uma visão voltada aos bens materiais, ao poder aquisitivo. Sendo então para o autor, com maior importância a passagem de bens imateriais de uma forma hereditária, bens estes relacionados aos saberes, ás habilidades, ás crenças, às práticas, ao modo de ser das pessoas. Dentro desses bens existe a presença ou falta de diversos