Racismo
O racismo pode ser definido não como uma tentativa de descrição das diversas etnias humanas – o que é o objetivo da Antropologia Física e da Sociobiologia -, mas como uma ideologia que busca explicar o comportamento humano pela sua origem racial. Do ponto de vista político, o racismo visa, apoiando-se em fundamentos pseudocientíficos, promover a crença da superioridade de uma raça sobre as demais.
O ódio e o temor em relação ao outro – o etnicamente diferente – sempre foram, infelizmente, um componente da consciência humana. Mas, na ausência de uma perspectiva dita “científica”, o racismo, ao longo dos séculos, foi uma ideologia informe e sem grande impacto político.
Somente no século XIX o racismo, fortalecido pelo mito do arianismo, adquiriu uma poderosa dimensão político-social. De fato, irrompia a noção mítica de uma raça “nobre”, privilegiada e deslocada para a Europa, onde teria fecundado uma “criatura superior”. No século XX o racismo tornou-se, especialmente após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) um fenômeno essencialmente político.
Raízes do racismo contemporâneo:
• O estudo científico das raças – que serviu como fundamento de uma visão pseudocientífica do comportamento humano explicado pela etnia;
• A exaltação do nacionalismo – ideologia que romantiza e deforma o ideal de nação – potencializada pela Primeira Guerra Mundial e suas consequências, notadamente os revanchismos que marcaram os tratados entre vencedores e vencidos após o conflito, visto que o peso “humilhante” dos tratados, tidos como impagáveis pelos vencidos, teriam estimulado tal exaltação;
• O misticismo irracionalista – que contaminou a visão política das massas populares após 1918. Com efeito, ao contrário da ilusão liberal-iluminista de que os povos -enquanto partícipes da política -levariam à vitória a democracia, ocorreu, isto sim, a militarização da ação política, acompanhada pelo fanatismo nacionalista que gerou soluções totalitárias como o fascismo e o comunismo