Racismo no Brasil: quando inclusão combina com exclusão
(Lília Moritz Schwarcz)
O texto começa abordando um caso envolvendo racismo no futebol e como existe o tal "preconceito por ter preconceito", que é um pensamento consolidado pela ideia de que costumamos jogar ao outro a culpa. Também é relatado o preconceito acerca origem social. É claro que, geneticamente, não há diferença entre etnias, sendo apenas uma construção social. A existência do racismo recai sobre crenças e valores calcadas numa ordem cultural, particular de cada grupo. A questão de cultura x "cultura" também é ressaltada, visto que a última é pessoal de determinado povo, enquanto a primeira pertence a todos. O texto também aborda a negação do ser humano no que tange os próprios juízos de valor. Numa pesquisa realizada pela Folha de São Paulo, nos anos 90, apenas 10% dos indagas disse se considerar racista, enquanto quase 90% argumentavam de modo discriminatório e demonstravam um preconceito internalizado. Muitos também creem que o sentimento foi enterrado na época da escravidão, sendo muito menor nos dias atuais e, sempre, pertencentes ao outro, jamais a si mesmo. Com o movimento modernista, o Brasil se tornou, temporariamente, um exemplo de democracia racial. Noms como Mario Andrade, Gilberto Freyre e Artur Ramos trouxeram os negros para o imaginário nacional, protagonizando-os em suas histórias e enaltecendo seus costumes. Com o tempo, concluiu-se que tudo era uma questão de hierarquia numa sociedade erroneamente considerada igualitária baseada, em teoria, na Revolução Francesa. Por fim, o texto conclui que não adianta se prender a definições quando o perigo está nas ruas e no dia-a-dia. Como afirmou Manuela Carneiro da Cunha, "raças são construções diacríticas, relacionais e posicionais”.