QUILOMBO PALMARES
Palmares – ou Angola Janga, “pequena Angola”, forma pela qual os mocambeiros chamavam o quilombo – nasceu da fuga de cativos da Zona da Mata pernambucana, entre finais do século XVI e inícios do século XVII (Vainfas, 1996:62-3). Os palmarinos estabeleceram-se a setenta quilômetros do litoral, na serra da Barriga.
Logo no começo do século XVII, quando Palmares ainda podia ser considerado um mocambo recente, a movimentação dos quilombolas naquela região chamava a atenção das autoridades. Em 1602, o governador Diogo Botelho, vindo de Portugal, atracou em Recife, de onde seguiria viagem por terra até Salvador, então capital colonial. O governador, porém, permaneceu mais de um ano em Pernambuco, alegando falta de segurança na estrada por causa dos assaltos cometidos pelos palmarinos. Na ocasião, Botelho enviou uma tropa à serra da Barriga para desmantelar o quilombo; tal expedição seria apenas a primeira que não alcançaria seu objetivo.
Aos olhos dos governantes, a situação parecia apenas se agravar. Diogo Menezes, sucessor de Botelho, chegou a propor à Coroa o fim da escravidão africana na capitania. Segundo o governador, os negros, que viviam provocando levantes, deveriam ser completamente substituídos pelos índios.
Palmares receberia um enorme contingente de cativos fugidos no período de ocupação holandesa em Pernambuco, entre 1630 e 1654. Os conflitos entre flamengos e lusos permitiram que a população africana escravizada empreendesse fugas em massa para o quilombo. Desta maneira, Palmares fortalecia-se como “foco permanente de contestação ao escravismo colonial” (Vainfas, 1996:65).
Assim, no início dos anos 1640, Palmares possuía uma população de 6 mil pessoas dividida em nove aldeias. Naquele momento, os holandeses passaram a considerar Palmares um sério perigo. Em função disso, enviaram “espiões”, liderados por Bartolomeu Lintz, para viver no local e coletar informações importantes para o planejamento de um ataque.
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