Questão agrária
(Capítulo V)
O Caráter Capitalista da Agricultura Moderna
Ao procurar evidenciar o caráter capitalista da agricultura moderna, Kautsky não se furta, como diz, “a invadir por um momento o domínio das abstrações econômicas, a fim de poder traçar um rápido perfil de nosso ponto de vista teórico”, remetendo-se às teses de Marx expostas em O Capital. No prosseguimento da análise, Kautsky vai mobilizar os indicadores comprobatórios da superioridade técnica do grande estabelecimento. Para resumir suas vantagens transcreve esta opinião de estudioso da época (Kraemer): “Todos sabem e é perfeitamente explicável que o pequeno estabelecimento se ressinta do peso excepcional de suas despesas de construção, manutenção dos animais de tração e do custo do inventário morto, bem como do custo de manutenção decorrente por exemplo, da calefação e da iluminação. Essas despesas são relativamente bem maiores que as do grande estabelecimento. É inerente à natureza de certos procedimentos ligados à agricultura que estes apenas produzam bons resultados quando desenvolvidos em bases quantitativas bem amplas. Isso sucede com a criação de animais, com o desempenho de atividades técnicas, com a utilização de máquinas, com a execução de melhoramentos, etc. Nesses domínios o grande estabelecimento mostra-se superior ao pequeno. Vantagens semelhantes também beneficiam o grande estabelecimento no concernente ao aproveitamento de seus produtos e à concessão de crédito. Sua vantagem principal é que, em função de sua posição e de seus objetivos, tem condições de estabelecer em seu empreendimento um esquema básico de verificação e de execução ordenada, de aplicar o importante princípio da concentração e divisão do trabalho, de modo a obter um maior rendimento em áreas específicas, mediante treinamento específico. Não resta dúvida, pois, de que o moderno desenvolvimento da agricultura favoreceu precisamente o grande estabelecimento, fornecendo a ele um número maior