QUESTÃO AGRÁRIA
Resenha do Livro ‘O que é questão agrária’ de José Graziano da Silva.
O QUE É QUESTÃO AGRÁRIA - José Graziano da silva
Na década de trinta, essa discussão girava em torno da crise do café e da grande depressão iniciada com a quebra da Bolsa de Nova lorque em 1929.
Já no final dos anos cinqüenta e início dos anos sessenta, a discussão sobre a questão agrária fazia parte da polêmica sobre os rumos que deveria seguir a Industrialização brasileira. Argumentava-se então que a agricultura brasileira - devido ao seu atraso - seria um empecilho ao desenvolvimento econômico, entendido como sinônimo da industrialização do país.
Esse diagnóstico vinha reforçado pela crise da economia brasileira, particularmente no período de 1961/67. Depois de 1967, até 1973, o país entrou numa fase de crescimento acelerado da economia. Nesse período, que ficou conhecido como o do “milagre brasileiro”, pouco se falou da questão agrária. Em parte porque a repressão política não deixava falar de quase nada. Mas em parte também porque muitos achavam que a questão agrária tinha sido resolvida com o aumento da produção agrícola ocorrido no período do milagre. Embora todos reconhecem que esse aumento vinha beneficiando os então chamados “!produtos de exportação” (como o café, a soja, etc.), em detrimento dos chamados “produtos alimentícios” (como o feijão, o arroz, etc.), contra-argumentavam alguns que isso era um desajuste passageiro que logo se normalizaria. Outros diziam ainda que não haveria problema se pudéssemos continuar exportando soja – que era mais lucrativa – e, com os recursos obtidos, comprar o feijão de que necessitávamos.
Mas o “milagre” acabou. Passada a euforia inicial, muitos começaram a se dar conta de que os frutos do crescimento acelerado do período 1967/73 tinham beneficiado apenas uma minoria privilegiada. E, entre os que tinham sido penalizados, estavam os trabalhadores em geral, e, de modo particular, os trabalhadores rurais.
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