Quanto vale ou é por quilo?
Sérgio Bianchi
São histórias que se entrelaçam a escravidão do século XVII e a servidão da atualidade. Buscando mostrar as semelhanças entre as duas épocas, o filme vai se desenrolando. A ganância disfarçada de solidariedade pela “amiga” que lucra emprestando dinheiro à outra; os direitos desrespeitados quando a negra alforriada tenta recuperar seu escravo roubado por um branco e é condenada por perturbação da ordem; situações vividas pela mesma sociedade que serviu de base para a nossa.
O cenário de exploração da atualidade é uma ONG que finge solidariedade enquanto usa os que deveria ajudar como forma de ganhar dinheiro. A pobreza é vista como uma mercadoria a ser vendida para os doadores que, por sua vez, querem aliviar suas mentes.
Surge então uma senhora agradecendo ao diretor de uma empresa o trabalho de faxineira que conseguiu, mesmo sendo idosa demais para um trabalho tão pesado. O mesmo, junto com o colega, vai a uma favela inaugurar um projeto de inclusão digital. A cena mostra crianças sem instrução que começam a destruir os computadores imediatamente.
Em outro momento mostra um homem que luta para sustentar sua família, mas não consegue emprego e acaba tornando-se um matador de aluguel, numa luta entre pobres a favor da classe média. É a mesma situação dos escravos que se tornavam capitães-do-mato.
O filme termina com a morte da mulher que lutava para que a população que enfrenta todo tipo de preconceito não seja objeto de lucro de instituições inescrupulosas. Seu matador é o jovem desempregado. Finalmente ele terá dinheiro para sustentar seu filho e satisfazer os desejos de sua família.
“Quanto vale ou é por quilo?” mostra o cotidiano do povo brasileiro, são políticos corruptos, empresas fantasmas, lavagem de dinheiro por falsas instituições sociais, exploração da miséria humana e o quanto o povo continua esquecido diante dos