Qualidade e custo
Interessante observar como o tema Qualidade ainda é tão mal entendido! Para muitos, qualidade é, incorretamente interpretada, algo que se adiciona ao produto ou serviço adquirido, como se fosse um complemento - da mesma forma que uma pessoa coloca um brinco ou um perfume após vestir-se. Qualidade não é um complemento: é o conjunto propriamente dito, é o todo oferecido e colocado à venda ao mercado. Este equívoco originou-se na década de 90, quando se começou a tratar deste tema, como se qualidade fosse algo - uma coisa, um ente - com vida própria, que até se locomovia e que naquele momento “estava chegando”... Na verdade, qualidade é uma conseqüência econômica.
Após a II Guerra, e até por causa dela, a tecnologia industrial cresceu exponencialmente. Após duas décadas a curva de oferta de produtos já ficava acima da curva de demanda - aqui no Brasil a barreira alfandegária nos impediu de participar desse movimento desde seu início, e por várias décadas os clientes competiam entre si pelos produtos parcamente oferecidos, tornando-se cativos fregueses das empresas que faziam o favor de lhes vender, e a preços cada vez maiores. Nos anos 90 a capacidade instalada dos parques industriais superou em várias vezes o consumo e então o cliente passou a ser disputado pelas empresas.
A condição de oferta maior que demanda provoca um fenômeno, cujo nome é Qualidade - este é o fato. É a situação onde as empresas disputam a preferência de um mesmo cliente que, por conseguinte, torna-se mais seletivo e mais exigente, passa a ter poder de escolha e, portanto, paga cada vez menos pelo mesmo produto ou serviço que adquire. Qualidade e redução de preços coexistem, e tem mais: se um não existir o outro também não existirá. Soa, portanto, muito estranho quando um executivo ou um empresário diz que “o mercado exige cada vez mais qualidade mas quer pagar pouco”; a frase correta é “o mercado exige cada vez mais qualidade e quer pagar pouco” -