Pós graduação
Por: Fernando Faria
Ao final da aula, o professor aguardava sozinho o ônibus, como de costume. A maioria dos alunos já haviam partido, pois o professor organizou a sala e despediu-se de seus colegas neste meio tempo. Entretanto, sempre um ou outro aluno fica para trás. Chegando ao ponto de ônibus, o aluno sentou-se na extremidade oposta do banco onde o professor estava, como se fossem desconhecidos. - Olá! – disse o professor. - Olá. – respondeu. - Ficou para trás hoje? – O professor puxou assunto. - Fiquei. – respondeu o aluno, encerrando a conversa.
Longos minutos de silêncio se passaram. O professor preferiu respeitá-lo e nada mais falou. - Porque o senhor é tão chato com a nossa sala e principalmente comigo? – O jovem enfim perguntou. - Depende do que você quer dizer com “chato”. Pode me explicar melhor? - Ah, o senhor chama minha atenção toda hora e faz provas muito difíceis. Além disso, não deixa conversar um minuto sequer. A professora Giselda deixa a turma conversar durante dez minutos da aula e faz provas fáceis. Todos a adoram e odeiam o senhor. - Eu te entendo. Na sua idade eu queria a mesma coisa. – Diz o mestre. - Eu não entendo o senhor. É tão simples ser um professor legal e ser adorado por todos. Porque o senhor não faz como a professora Giselda? - As coisas não são tão simples assim. Diga-me o nome de algo que você gosta de fazer, por favor – O professor perguntou, parecendo querer mudar de assunto. - Eu gosto de jogar futebol. - E você se dedica ao futebol, treinando sempre e obedecendo ao treinador ou joga apenas por diversão não dando importância para o resultado?
- Me dedico. Faço tudo que o treinador me pede.
- Existem vários tipos de jogadores de futebol, de técnicos e de juízes. Você concorda? – O professor pergunta.
- Claro que sim. Alguns meninos ficam brincando durante o treino. Odeio isso. Eles atrapalham e às vezes nosso time perde porque eles não joga pra valer.
- O