Psicoterapia existencial
Introdução à psicoterapia existencial
JOSÉ A. CARVALHO TEIXEIRA (*)
1. INTRODUÇÃO
Com as influências da fenomenologia e do existencialismo desenvolveram-se vários modelos terapêuticos que podem ser genericamente designados por psicoterapia existencial e definidos como métodos de relação interpessoal e de análise psicológica cujo objectivo é o de facilitar na pessoa do cliente um auto-conhecimento e uma autonomia psicológica suficiente para que ele possa assumir livremente a sua existência (Villegas, 1988). Importa desde já referir que não se constituem como técnicas de cura da perturbação mental, mas sim como intervenções cuja finalidade principal é ajudar o crescimento pessoal e facilitar o encontro do indivíduo com a autenticidade da sua existência, de forma assumi-la e a projectá-la mais livremente no mundo. Em qualquer caso, o centro é o indivíduo e não a perturbação mental. Esta, quando presente, é vista como resultado de dificuldades do indivíduo em fazer escolhas mais autênticas e significativas, pelo que as intervenções terapêuticas privilegiam a auto-consciência, a auto-compreensão e a auto-determinação. Do encontro entre a fenomenologia, o existencialismo, a Psicologia e a Psicopatologia resultou um amplo movimento de ideias, reflexão, investigação e intervenção (Jonckeere, 1989). Trata-se de um
(*) Médico Psiquiatra. Instituto Superior de Psicologia Aplicada, Lisboa. Sociedade Portuguesa de Psicoterapia Existencial.
conjunto heterogéneo de possibilidades de intervenção terapêutica de base fenomenológico-existencial, uma pluralidade de métodos e de teorias que, contudo, podem classificar-se em dois grupos diferentes: a psicoterapia experiencial e a psicoterapia existencial. As diferenças podem estabelecer-se ao nível dos seus objecto, objectivos e propostas ou modelos de intervenção (Quadro 1). As diferenças essenciais entre psicoterapia experiencial (humanista) e psicoterapia existencial situam-se na