Introdução à psicoterapia existencial
As diferenças podem estabelecer-se ao nível dos seus objecto, objectivos e propostas ou modelos de intervenção (Quadro 1).
As diferenças essenciais entre psicoterapia experiencial (humanista) e psicoterapia existencial situam-se na forma como conceptualizam a capacidade do indivíduo para o processo de mudança, nos conceitos-chave que estão em jogo e, ainda, na finalidade da intervenção (Villegas, 1989). A finalidade da intervenção define-se pela auto-descoberta
(conhecer-se e compreender-se) na psicoterapia experiencial e pela construção mais autêntica e significativa da sua existência na psicoterapia existencial (Quadro 2).
Na psicoterapia existencial enfatizam-se as dimensões histórica e de projecto e a responsabilidade individual na construção do seu-mundo.
Visa a mudança e a autonomia pessoal. Contudo, vários autores definem a finalidade principal da psicoterapia existencial de diferentes modos: procura de si próprio (May, 1958); procura do sentido da existência (Frankl, 1984); tornar-se mais autêntico na relação consigo próprio e com os outros (Bugental,
1978); superar os dilemas, tensões, paradoxos e desafios do viver (Van Deurzen-Smith, 2002); facilitar um modo mais autêntico de existir (Cohn,
1997); promover o encontro consigo próprio para assumir a sua existência e projectá-la mais livremente no mundo (Villegas, 1989) e aumentar a auto-cons-
289
Análise Psicológica (2006), 3 (XXIV): 289-309
Introdução à psicoterapia existencial
JOSÉ A. CARVALHO TEIXEIRA (*)
(*) Médico Psiquiatra. Instituto Superior de Psicologia
Aplicada, Lisboa. Sociedade Portuguesa de Psicoterapia
Existencial.
ciência, aceitar a liberdade e ser capaz de usar as suas possibilidades de existir (Erthal, 1999). No essencial, a perspectiva existencial pretende ajudar o cliente a escolher-se e a agir de forma cada vez mais autêntica e responsável.
Em qualquer caso, resulta claro que o conceito
de