Psicopatologia da vida cotidiana
De imediato, detectamos que aí residem duas grandes diferenças entre os dois processos:
- Primeiro, o fato de Vargas ter articulado e desfechado o golpe, e ter governado sozinho, fazendo ele mesmo o jogo político, caracterizou sua ditadura como personalista, seguindo o modelo ditatorial europeu, principalmente da Alemanha nazista de Adolf Hitler, e da Itália fascista de Benito Mussolini.
- A Segunda diferença diz respeito ao caráter de transformação na cúpula do poder central, que, ao contrário do movimento de 64, em 37, não aconteceu. Vargas se manteve no cargo, através do fechamento do Congresso Nacional. O mais curioso neste aspecto, é que a justificativa legitimadora de 37 se parece muito com a de 64: a defesa da democracia, e o combate à ameaça comunista. Aqui, a ameaça se traduzia na intensa atividade do Partido Comunista Brasileiro e nas suas tentativas revolucionárias.
A Imagem e a Propaganda Legitimadora
A forma de encarar e proceder o seu esforço de legitimação junto à sociedade têm faces diferentes, quando confrontamos os dois momentos ditatoriais.
- O DIP fazia uma propaganda extremamente personalista. Totalmente centralizada na figura de Vargas. Getúlio Vargas era apresentado como o Pai dos Pobres, aquele que estava conduzindo o Brasil ao desenvolvimento, à prosperidade e à paz. Mas ele fazia isso sozinho, e ao povo caberia apenas a confiança do seu destino ao ditador.
Ao contrário do DIP, a AERP não centralizou suas campanhas na pessoa do presidente da república. Na verdade, orientou seu trabalho no sentido de buscar a participação popular ao projeto implementado pelos militares. Sua ação para com a imagem do Presidente Médici não era a de pai protetor, que faria tudo sozinho pelo povo, apesar de ter buscado incessantemente sua popularização. Médici não foi apresentado como um super-herói. Ao contrário, as campanhas visavam um comprometimento popular, onde o povo teria uma figura tão