Psicomotricidade, corpo e identidade
A incapacidade humana de conviver com seus defeitos e com o do outro por mais insignificantes que pareçam e o excesso de preocupação com a aparência nos tornou distante de nós mesmos, transformando-nos em pessoas rasas e superficiais. A busca pela perfeição corpórea nos modificou o olhar, um olhar crítico, reprovador para consigo mesmo e para com o outro.
A pureza da beleza humana vincula-se a imagem dos corpos perfeitos, livre de qualquer quantidade de gordura, rugas ou traços físicos socialmente rejeitados. Adeptos desta beleza pura se fortalecem com a ênfase que o mundo contemporâneo dá a estes aspectos e se respaldam nas novas técnicas médicas e cirúrgicas, novos tratamentos estéticos, academias de ginásticas e inovações nutricionais para afirmar: só não tem o corpo puro e perfeito quem não quer. Marginalizados, os desenquadrados ou impuros são encarados como aqueles que não cuidam de si, não tem força de vontade e não possuem autocontrole, são os fracos da história.
Este pensamento social habilita pessoas a terem atitudes preconceituosas nas ruas. Os fortes sobre os mais fracos, os perfeitos apontando o dedo para os imperfeitos. Recusas de emprego, chacotas nas ruas, sentimento de pena, bullying nas escolas, são muitos os exemplos que vemos hoje, de como o homem pode usar os atributos físicos como arma de poder e submissão.
Não se trata de uma crítica aos estilos saudáveis de vida no alcance do corpo ideal para si, mas uma crítica à segregação humana. Considerar alguns fenótipos superiores a outros é tão preconceituoso quanto endossar a superioridade da raça ariana. Marginalizar pessoas que não se enquadram em um padrão socialmente aceito, considerá-las fraca e sem autocontrole é uma prova de que estamos transformando a sociedade em uma teia de interesses meramente superficiais e narcisistas.
Outro aliado neste alcance do corpo perfeito são as ferramentas tecnológicas, programas de computador que possibilita