Psicologia
O especialista em educação fala sobre as políticas públicas brasileiras na área
Carioca, nascido em 1938, Cláudio de Moura Castro é formado em economia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e, embora entre seus muitos títulos acumule o de ph.D. em economia pela Universidade de Vanderbilt, nos Estados Unidos, encontrou na educação seu maior interesse. Atualmente, com a autoridade de quem se dedicou por 30 anos ao assunto, Moura Castro é uma das contundentes vozes que se levantam contra as políticas públicas brasileiras na área e que têm perpassado os governos - a seu ver, sem mudanças - desde o final da ditadura militar. "A educação nunca foi agenda de ninguém no Brasil, nem da esquerda nem da direita", afirma, categórico, nesta entrevista que concedeu à Revista E em passagem por São Paulo. Autor de mais de 30 livros, entre eles Educação Brasileira (Editora Rocco, 1994), Crônicas de uma educação vacilante, (Editora Rocco, 2005) e 200 artigos para publicações científicas, o entrevistado deste mês já foi chefe da Divisão de Políticas de Formação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Genebra, na Suíça, economista sênior de recursos humanos do Banco Mundial, e chefe da Divisão de Programas Sociais no Banco Internacional do Desenvolvimento (BID). Atualmente é presidente do Conselho Consultivo das Faculdades Integradas Pitágoras, em Montes Claros, Minas Gerais, e articulista da revista Veja.
Pode-se dizer que a educação no Brasil deixou de ser uma "agenda da esquerda" e hoje é um bem da sociedade?
Nunca foi agenda da esquerda, muito menos agora, quando nós temos um governo cuja única popularidade é com os pouco educados. Então, de uma perspectiva totalmente cínica, este governo é o que menos tem interesse em educação básica de qualidade. Na verdade, educação nunca foi agenda de ninguém no Brasil, nem da esquerda nem da direita. A educação no Brasil é herdeira da de Portugal. E Portugal é um país cronicamente atrasado