Psicologia
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Elementos sobre a sociologia da família Portuguesa
Entre os primeiros trabalhos realizados sobre a família em Portugal encontramos três séries de monografias realizadas entre 1909 e 1934 por sociólogos Franceses e portugueses da Escola Playsiana.
Descamps (1939,1959) a partir de cerca de sessenta monografias de família realizadas em regiões diferentes de Portugal, evidenciou diversos tipos de família: a família desorganizada e instável (ou união de facto), dominante entre os assalariados agrícolas a sul do Tejo; a grande comunidade, (composta por vários casais e um grande numero de parentes co residentes); a família tronco, nas montanhas do norte; a família de casal simples no noroeste e a pequena comunidade (composta em geral por dois casais e existente em diversas regiões do país).
A orientação geral de Descamps, incidia sobre os elementos de estabilidade e de solidariedade das sociedades e das famílias, o que estava de acordo com a ideologia do Estado Novo que via na família a célula base e a guardiã moral da sociedade. Do ponto de vista da história das ciências sociais o trabalho de Descamps foi um trabalho percursor uma vez que assentava numa observação pormenorizada e na pesquisa empírica e porque foi o primeiro esforço para resolver questões de método levantadas pela articulação entre o descritivo e o explicativo, a teoria e a empírica o passado e o presente.
Esta abordagem empírica das famílias iniciada pelos seguidores de Le Play, foi retomada num contexto de desenvolvimento da etnologia nos anos 50 e 60 . Os dados recolhidos por Jorge Dias (1953,1961) nas suas monografia de comunidades aldeãs e os recolhidos por Callier-Boisvert (1968), confirmaram a existência de famílias alargadas e de casais co-residentes no norte do país.
Tal como os trabalhos de Descamps, os estudos realizados nos anos 50 e 60 inscreviam-se num discurso politico, social e literário que sublinhava os contrastes demográficos, geográficos,