psicologia

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ENTRE O INDIVÍDUO E A SOCIEDADE.1
Ignácio Martín-Baró
1. O que estuda a psicologia social?
A julgar pelo número de edições massivas lançadas ao mercado nos últimos anos, as obras de psicologia têm gozado de grande popularidade e aceitação. Cabe a dúvida, porém, que este processo de difusão tenha produzido um melhor conhecimento das pessoas sobre si mesmas e os demais; o que certamente tem produzido é o enriquecimento de um vocabulário aparentemente esclarecedor para uso cotidiano e uma consagração das tendências mais individualistas das pessoas como ideais da vida humana. Assim o indivíduo qualificado ontem de idealista será nomeado hoje de “paranóico”, o ato de exigir responsabilidade será qualificado como
“projeção” e as aspirações não solidárias e egoístas de quem não quer renunciar a seus privilégios serão amparadas baixo um leque colorido de “necessidades de autorealização”.
Com a exceção da chamada “dinâmica de grupos”, os estudos de psicologia social tem tido menor difusão que as análises sobre a personalidade individual, a sexualidade ou problemas patológicos. Porém, ultimamente temos visto se multiplicarem as edições de obras que de forma geral ou parcialmente se ocupam da psicologia social. É óbvio que esta multiplicação responde as necessidades competitivas das empresas editoriais mais do que as necessidades objetivas dos leitores, já que as mesmas idéias se repetem com uma monotonia digna da melhor causa, e a inovação no desenho editorial pretende o suprir a ausência de originalidade no pensamento.
Este defeito fica mais evidente quando os livros são examinados desde a perspectiva latino-americana. O contraste entre a própria realidade vivida e a realidade apresentada nestes estudos resulta quando menos chocante. No fundamental, o mundo descrito pelos psicólogos sociais parece ser outro mundo, outra sociedade. De fato assim é: o mundo apresentado pela maioria dos psicólogos sociais é o mundo dos EUA, sobretudo o mundo do