psicologia
Maria Inês Lamy
Palavras-chave: psicanálise com crianças / trabalho dos pais na psicanálise com crianças / resistência / resistência e desejo do analista
Foi uma criança que me fez repensar o atendimento aos pais e mesmo colocar em questão se este atendimento sempre impulsiona o processo analítico, ou se pode, às vezes, dependendo da direção que ele assume, fazer obstáculo, ou até impossibilitar, a análise. João, em uma de suas sessões, após fazer alguns rabiscos e nada querer associar sobre o assunto, me pergunta: “vai conversar com a minha mãe agora? Chama a minha mãe”. Só aí me dei conta de que se havia tornado rotina o atendimento de sua mãe, ao final de cada sessão. Percebendo a resistência que este hábito veiculava, ou mesmo ajudava a produzir, decidi suspender as entrevistas com a mãe de João, ao menos por algum tempo.
Resistência de quem? Resistência a quê?
Examinemos então melhor o que é resistência para tentar entender como ela pode se manifestar na análise com crianças.
Ainda em 1905, Freud dá como uma das razões de seu abandono da hipnose o fato de esta não permitir “reconhecer a resistência com a qual o paciente se apega à sua doença” (1).
Vemos já aí uma referência à positividade da resistência – não se resiste apenas a alguma coisa, mas se resiste basicamente a abrir mão de algo, se resiste porque se insiste no apego ao sintoma. E de que ordem é este apego? De onde ele provém?
À luz da segunda tópica, já em 1926(2), Freud conclui que as resistências, multiplicadas agora em cinco, são fruto das três instâncias psíquicas – todas colaboram para a manutenção do sintoma.
A resistência é do sujeito - diz Lacan em 1954(3). Ou seja, a resistência testemunha a divisão subjetiva: resistência no sentido de insistência na repetição significante; e também resistência do que se opõe e faz barreira à própria significação. Trabalha-se assim, não contra
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