Psicologia
MELANIE KLEIN. A FANTASIA INCONSCIENTE COMO CENÁRIO DA VIDA PSÍQUICA
APRESENTAÇÃO
1. Introdução
A obra de Melanie Klein se estende desde 1919, data em que publicou seu primeiro trabalho. “ A novela familiar em statu nascendi", até sua morte, em 1960.
Ela é, sem dúvida, uma das grandes figuras da psicanálise contemporânea. Seus escritos, coloridos, às vezes contraditórios, apresentam uma permanente riqueza de idéias originais. Neles, o interesse principal não está centrado em obter precisões teóricas que permitam construir um conjunto completamente coerente de hipóteses. O que transmitem, em compensação, é uma preocupação em descrever o mundo rico de fantasias e vivências que os pacientes em tratamento apresentam. As hipóteses de Klein procuram explicar os fatos que surgem, a partir de novos contextos terapêuticos e de novas observações. O ponto de partida é sempre o tratamento analítico, mais exatamente, o desenvolvimento da sessão.
Assim como em Freud observamos um esforço por formular teorias da mente, com base em modelos científicos de sua época: físico-químicos, neurofisiológicos etc., ou, em Lacan, os pontos de partida para suas formulações são os postulados filosóficos de Hegel, a lingüística de Saussure e a antropologia estrutural, Klein quer explicar os eventos que acontecem no consultório e no vínculo interpessoaI entre paciente e analista. Observa que o paciente se compromete emocionalmente no tratamento, que inclui o terapeuta em suas fantasias, que desenrola um universo cheio de acontecimentos e associações, mas sobretudo com fortes sentimentos e angústias.
Esta linha de compreensão define uma de suas hipóteses principais: o psiquismo se origina em um vínculo intersubjetivo, em primeiro lugar, a relação de objeto do bebê e sua mãe. Ela estuda as características emocionais deste vínculo, em que procura descobrir qual é a angústia predominante e as fantasias constitutivas.
Klein é, indubitavelmente, a pioneira de toda a corrente