psicologia juridica no brasil
SÔNIA ALTOÉ1
Instituto de Psicologia da UERJ
A história nos mostra que a primeira aproximação da Psicologia com o
Direito ocorreu no final do século XIX e fez surgir o que se denominou
“psicologia do testemunho”. Esta tinha como objetivo verificar, através do estudo experimental dos processos psicológicos, a fidedignidade do relato do sujeito envolvido em um processo jurídico. Como diz Brito (1993), o que se pretende é verificar se os “processos internos propiciam ou dificultam a veracidade do relato”. Sobretudo através da aplicação de testes,
buscava-se a compreensão
dos comportamentos passíveis de ação jurídica.
Esta fase inicial foi muito
influenciada pelo ideário positivista, importante nesta época, que privilegiava o método científico
Foucault, 1996).
empregado
pelas
ciências
Mira y Lopes, defensor
naturais
(Jacó-Vilela,
1999;
da cientificidade da psicologia na
aplicação de seu saber e de seus instrumentos junto às instituições jurídicas, escreveu o
“Manual
de
Psicologia
Jurídica”
(1945),
que
teve
grande
repercussão no ensino e na prática profissional do psicólogo, até recentemente.
Dar relevância a este dado histórico é importante para desenvolvermos uma reflexão
sobre a prática profissional de psicologia junto às instituições do
direito e sobre as mudanças que têm
ocorrido principalmente após 1980,
indicando novas perspectivas para o século XXI.
Desta história inicial decorreu uma prática do profissional de psicologia voltada quase que exclusivamente para a realização de perícia, exame
1
Doutora pela Universidade de Paris VIII
criminológico e parecer psicológico baseado no psicodiagnóstico, feitos a partir de algumas entrevistas e nos resultados dos testes psicológicos aplicados.
Segundo estudos da psicóloga e psicanalista Rauter (1994), esses pareceres e exames, quando realizados dentro das penitenciárias e