Psicologia Evolucionista
Estudos de Psicologia, 15(1), Janeiro-Abril/2010, 53-54
D O S S I Ê
P S I C O L O G I A
E V O L U C I O N I S T A
Maria Emilia Yamamoto
Maria Lúcia Seidl de Moura
Organizadoras
A teoria da evolução através da seleção natural deixou, recentemente, os domínios exclusivos da biologia, e atualmente dá suporte a argumentos em áreas tão variadas quanto a psicologia, a economia, as ciências sociais, a filosofia. Não apenas o domínio das ciências foi invadido pelo que Rose chama o espectro de Darwin (Rose, 2000), mas também áreas de aplicação como a agricultura, a medicina e áreas correlatas.
Um desenvolvimento recente, a Psicologia Evolucionista, é considerado por Boyer e Heckhausen (2002) como um dos mais importantes desenvolvimentos na área das ciências do comportamento nos últimos 20 anos. Esta abordagem propõe que a mente humana funciona através de mecanismos psicológicos evoluídos, que seriam características universais de nossa espécie, evocativas do ambiente ancestral no qual ela evoluiu. Estes mecanismos consistem em emoções, preferências e propensões, selecionadas porque ajudaram nossos ancestrais a sobreviver e reproduzir no passado. Uma vez que o ambiente moderno mudou radicalmente em relação àquele que seria o berço dessas adaptações, temos que nos perguntar se estes mecanismos ainda permanecem, e se nossos comportamentos refletem essas adaptações passadas.
A partir desta abordagem, a Psicologia Evolucionista traz para a psicologia uma proposta de solução para uma questão que há muito vem sendo debatida, a da dicotomia entre natureza e criação, entre biologia e cultura. A resposta à aparente contradição entre diversidade e universalidade humanas surge com modelos que integram diversos níveis de explicação, e consideram a complexidade cultural como um reflexo da complexidade biológica. Nas palavras de Bussab e Ribeiro
(1998) o homem é biologicamente cultural.
Apesar de suas raízes históricas, a psicologia