Psicologia do pré-escolar – uma visão construtivista
Seber, Maria Glória ed. Moderna, 1995
Interação Professor-aluno
Considerações gerais
O estudo psicológico da criança e as pesquisas sobre os processos de aprendizagem trouxeram como conseqüência a multiplicação programas educativos destinados, principalmente, às etapas iniciais escolarização. Uma análise das fundamentações teóricas desses programas permite-nos observar que a influência da corrente de pensamento educacional construtivista é menor do que a das posições empirista associacionista e inatista-maturacionista. Essas posições foram trazidas para a pedagogia muito antes do construtivismo, que só começou a ser divulgado a partir da segunda metade do século XX.
Orientando-se a partir de hipóteses próprias da posição empirista-associacionista, o professor recorre aos manuais destinados à educação do pré-escolar. Conforme essas hipóteses, os conhecimentos não são construídos a partir de ações concretamente realizadas com os objetos. Ao contrário, desde que haja transmissão, a criança passa a dominar esses conhecimentos. Ela é colocada precocemente diante de páginas e páginas impressas que deverá preencher, em vez de aprender brincando. Os desafios necessários à evolução do raciocínio são reduzidos com essa substituição de manuseio de objetos por atividades impressas e a introdução de noções fundadas em modos de pensar que diferem da fase de desenvolvimento em que a criança se encontra.
Vamos exemplificar. Durante o processo de construção da noção de número, ocorre uma fase em que a criança avalia as quantidades a partir do espaço ocupado pelos elementos. Lembre-se do que foi comentado a respeito de Guilherme, no capítulo anterior. Quando a mãe picou em pedacinhos as grossas rodelas de batata e espalhou-os por todo o prato, Guilherme ficou contente, pois iria comer bastante batata. Nada foi feito que não tivesse sido observado por ele; apesar disso, sua conclusão foi de