Psicologia do desporto
A Psicologia do Desporto e a “batalha da qualidade”
António Manuel Fonseca
Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física,
Universidade do Porto
INTRODUÇÃO
Ao contrário do que por vezes parece ressaltar de algumas declarações de pessoas mais ou menos relacionadas com o fenómeno desportivo, o estudo da
Psicologia do Desporto (PD) não é recente, porquanto parece ser consensual situar o seu ‘nascimento’ entre o final do século XIX e o início do século XX.
Na realidade, ainda que exista uma ligeira divergência quanto ao exacto momento em que isso sucedeu – apesar da esmagadora maioria dos que escreveram sobre a história da PD (4, 9, 10, 17) ter indicado o clássico estudo de Triplett, realizado em
1897 sobre a facilitação social do rendimento em provas de ciclismo, como o primeiro relacionado com a PD, tanto Salmela (14) como Biddle (1) chamaram a atenção para o facto de outros autores terem destacado que antes do estudo de Triplett já haviam sido desenvolvidos estudos sobre outros assuntos igualmente enquadráveis no âmbito da PD, como, por exemplo, os efeitos da hipnose na resistência muscular, ou a psicologia da calistenia – esse momento é já claramente centenário.
Todavia, e independentemente da relativa controvérsia que pode envolver a determinação de qual foi exactamente o primeiro estudo sobre os factores psicológicos em contextos desportivos, parecem não subsistir quaisquer dúvidas relativamente ao momento marcante da evolução que se verificou neste domínio nos últimos anos. Efectivamente, os autores que têm estudado a história da PD são unânimes em reconhecer que esse momento se verificou em 1965, com a realização do I Congresso Mundial de Psicologia do
Desporto, em Roma.
Para a assunção da PD como uma ciência, havia que definir claramente o seu objecto de estudo e
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revista
metodologia própria, o que só veio a acontecer na sequência da dinâmica imprimida a partir do
Congresso