psicanalista

2703 palavras 11 páginas
SINTOMA E FPS – LETRA E NÚMERO?
Rita Bícego Vogelaar
No ultimo bimestre desse ano, ao debruçar-me sobre a Conferência em Genebra sobre o sintoma, proferida por Lacan em 1975, eu fiquei muito intrigada pelo fato de Lacan, ao responder uma questão sobre o FPS, colocá-lo como uma inscrição no corpo da ordem do número. Cito a referência: (...) A questão deveria ser julgada a nível de – qual é a espécie de gozo que encontramos no psicossomático? Se eu evoquei uma metáfora como a do congelado, é porque existe efetivamente essa espécie de fixação (...) é porque o corpo se deixa levar a escrever algo da ordem do número.
Fiquei me perguntando: haveria, então, a possibilidade da formação de um sintoma quando o corpo se deixa escrever algo da ordem da letra, sendo que o FPS seria quando o corpo se deixa escrever algo da ordem do número? Porém, que conceito de número estaria posto aí?
Essas questões são muito vivas, pois vem juntamente com questões que, nesse momento, eu tenho me posto na clínica, e muito particularmente sobre duas mãos. E, se digo duas mãos, é porque são elas que, nesse momento, vêm ao consultório: uma que dói, dói, dói e onde são feitas tomografias, ressonâncias ... e nada. E outra que se mostra, se mostra, se mostra com um vitiligo que começou há mais de 10 anos nos dedos, já tomou grande parte da mão e não cessa de se alastrar ... devagar e sempre. Eu, como analista, sou procurada por essas duas mulheres, uma, por conta da dor “que não a larga”, expressão usada por ela, recorrente nas sessões, e outra porque a mancha “está se alargando” (expressão minha), e o médico a encaminhou para uma análise.
Frente a essas questões, tanto teóricas quanto clínicas, o objetivo de escrever esse trabalho é dar mais uma volta.
Vamos lá: vamos começar dando mais uma volta pelo conceito de LETRA.
No inicio de seu ensino, significante e letra não são rigorosamente distintos: a letra se apresenta como materialidade do significante. Lacan fala de uma instância

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