Psicanalise e Saúde Mental
O conceito de loucura como conhecemos hoje é fruto de uma construção social histórica. Se voltarmos ao passado, veremos que a loucura não tinha esse sentido pejorativo como tem hoje, e nem sempre foi vista sob o olhar medico. Na Grécia Antiga, o “louco” era considerado uma pessoa com poderes diversos, suas palavras eram consideradas sábias, capaz de interferir no destino dos homens. A loucura era tida como uma manifestação dos deuses, sendo, portanto, reconhecida e valorizada socialmente. Já mais adiante na Idade Media vemos que a loucura era vista como expressão das forças da natureza ou algo da ordem do não humano, relacionada ao terror. Mais adiante ainda era tida como possessão por espíritos maus, os quais precisavam ser extirpados mediante práticas inquisitoriais, sob o controle da Igreja. Com o advento do Racionalismo, a loucura deixa de pertencer à ordem demoníaca e passa ser considerada como a falta da razão, sendo o “louco” aquele que transgride ou ignora a moral racional da sua sociedade. Assim surge o conceito da periculosidade, onde o louco passa a representar ameaça a sociedade. A loucura ganha um caráter moral, passando a ser algo que denegri o sujeito, dando lhe atribuições pejorativas. Com a filosofia da utilidade, os mendigos, aleijados, velhos e todos aqueles que não são uteis a sociedade, inclusive o louco, são retirados do convívio em sociedade, e enclausurados em “abrigos”, onde na verdade eram maltratados. Esse é um relato de Esquirol, discípulo de Pinel: “Vi-os nus, cobertos de trapos, tendo apenas um pouco de palha para abrigarem-se da fria umidade do chão sobre o qual se estendiam. Vi-os mal alimentados, sem ar para respirar, sem água para matar a sede e sem coisas necessárias à vida. Vi-os entregues a verdadeiros carcereiros, abandonados a sua brutal vigilância. Vi-os em locais estreitos, sujos, infectos, sem ar, sem luz, fechados em antros onde se hesitaria em fechar os animais ferozes, e que