Prólogo de um livro qualquer
Prólogo
A neve cobria tudo. As árvores, as montanhas, o chão, o mundo. Não existiam pessoas e nem animais, não existiam ruídos e nem músicas, não existiam casas e nem prédios e também não existiam cores. Só existia o silêncio, a neve e eu. O vento gelado quase me fazia desmoronar. Meus lábios estavam rachados, o corpo dormente e eu nem sabia se eu ainda tinha mãos. Estava com uma camisola e descalça mas meus pés se recusavam a voltar, eles pareciam ter vida própria e continuavam caminhando mesmo contra a minha vontade, como se algo estivesse me puxando para algum lugar ou para alguma coisa mas pra onde? Eu não sabia. Eu só tinha que continuar andando por que eu precisava encontrar... Encontrar o que? Eu queria saber. A única coisa que eu sabia era que estava muito frio e que eu já estava andando a horas e horas na mesma direção, sem avistar nada a não ser uma imensidão de branco. Eu estava cansada, realmente cansada, e com medo. Decidi que não ia mais andar e que resistiria ao que estava me puxando, fixei meus pés, mesmo sem senti-los, fundos na neve. Pela primeira vez em horas, minhas pernas me obedeceram. Elas estavam doendo muito e o frio só piorou a dor. Então decidi pedir ajuda mesmo estando parada no meio de um nada congelante em um mundo vazio, completamente sozinha. − O que eu estou fazendo aqui? Alguém pode me ouvir? Que lugar é esse? Eu não obtive resposta alguma, só um uivo do vento que parecia querer me dizer algo e que cada vez ficava mais violento. − Tem alguém aqui? Que lugar é esse? Por favor, alguém pode me ajudar a voltar? Mais uma vez, nada além do vento incessante. Passaram-se alguns minutos e o medo me atingiu. Desmoronei, sentindo a neve macia cobrir meus joelhos e o frio passar por todo o meu corpo como se estivesse preenchendo-o e fazendo parte de mim e eu senti que aquele era o fim e que eu nunca conseguiria sair dali. As minhas lágrimas caiam constantemente