Licenciatura plena em letras
Resumo: A literatura registra a vida. O encontro entre vida real e ficção percorre grande parte da obra de Jorge Amado. Essa fusão permite ao leitor acompanhar temas tratados na ficção que remetem ao mundo em que vivemos. Considerando esse entrecruzamento de ficção e vida real como eixo principal dos diálogos amadianos, é possível considerar que dele se desmembram novos diálogos. Dentro dessa perspectiva apresento o estudo de algumas músicas do grupo musical “O Rappa” como possível releitura do romance “Capitães da Areia”. O objetivo é demonstrar como a banda compartilha dos ideais de Jorge Amado, dos pensamentos e sonhos, registra na música e, curiosamente, “na literatura”, a história dos meninos de rua. E para tanto, dialoga com o livro “Ilusões, as aventuras de um Messias indeciso”, de Richard Bach, como meio de estabelecer diálogo com Jorge Amado.
Não fique triste nas despedidas. Uma despedida é necessária antes de vocês poderem se encontrar outra vez. E se encontrar de novo, depois de momentos ou de vidas, é certo para os que são amigos. [...] Os semelhantes se atraem. Uma lei cósmica. Nós, os fazedores de milagres, temos de nos manter unidos. (BACH, 2000, p.38)
Palavras-chave: Meninos de rua; Palavras de um livro; Páginas do sonho.
INTRODUÇÃO
O entrecruzamento de ficção e vida real, presente no romance Capitães da Areia, se reflete na música do Rappa. Este assume o compromisso de buscar meios para tentar realizar o sonho de Jorge Amado que nos deixou, na sua obra, um registro de sua insatisfação. “os capitães da areia continuam a existir, enchendo as ruas, dormindo ao léu” (AMADO, 1986, p. 389). A valorização das classes marginalizadas se faz presente em “Capitães da Areia”. O romance vai evidenciando os preconceitos e os contrastes sociais. De um lado, a burguesia em seus casarões, tendo o amparo da Polícia e do Reformatório,