Projeto Mestrado
O ARQUIPÉLAGO DE RIBEIRÃO DAS NEVES: a velha segregação na metrópole belo-horizontina
Paola Rogêdo Campos∗
RESUMO
Este texto analisa a segregação socioespacial na metrópole belo-horizontina e investiga o processo de expansão periférica em direção ao Município de Ribeirão das Neves. A análise tem como referência a hipótese de que, mesmo havendo alguns indícios de formação de novas polaridades na metrópole contemporânea, a lógica de estruturação urbana centroperiferia se perpetua até hoje, sendo o município em foco um caso exemplar de persistência dessa organização urbana.
Palavras-chave: Segregação. Periferia. Habitação. Ribeirão das Neves.
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Aluna doutoranda em Arquitetura e Urbanismo na Escola de Arquitetura da Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG). Área de Concentração: Dinâmicas Socioterritoriais e Planejamento Urbano e
Metropolitano da Atualidade.
ÁREA TEMÁTICA: ECONOMIA MINEIRA
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1. INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas observa-se que a organização socioespacial da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) está se transformando sem, contudo, produzir uma homogenização ou equalização progressiva das condições urbanas de vida. A desigualdade social e os processos de segregação socioespacial1 permanecem visíveis, reflexos de uma cidade em uma sociedade excludente desde a sua formação.
As alterações na organização socioespacial da metrópole não representaram ruptura, mas sim a persitência da lógica centro-periferia de ocupação do espaço metropolitano. Lógica essa que reserva áreas centrais bem equipadas em termos de infraestrutura urbana para as classes dirigentes e também áreas, antes periféricas, que hoje são consideradas uma extensão da centralidade metropolitana. Os grupos mais pobres e marginalizados continuam a habitar as antigas e novas periferias urbanas metropolitanas2.
Não há como negar que novas dinâmicas de estruturação espacial se apresentam em algumas metrópoles brasileiras, mas que não significam uma