Progressão continuada
Fala-se cada vez mais na norma culta, alguns para defendê-la, muitos para atacá-la. Os que atacam, todavia, não podem esquecer que a norma culta é uma forma linguística que todo povo civilizado possui, e é a única que assegura a unidade da língua nacional. Justamente em nome dessa unidade, tão importante do ponto de vista político-cultural, que é ensinada nas escolas e difundida nas gramáticas. Graças a ela, o Brasil mantém sua unidade linguística: um amazonense pode comunicar-se com um gaúcho, ou vice-versa, sem necessidade de outro conhecer dialetos.
Vá aquele que não conhece a norma culta buscar um emprego mais qualificado! Vá aquele que não conhece a norma culta prestar um exame vestibular para a faculdade reconhecidamente séria ou idônea! Vá aquele que não conhece a norma culta prestar um concurso, buscando qualificar-se para um cargo importante! E se para candidatar-se ao cargo mais importante do país houvesse ao menos uma prova de língua portuguesa, com a exigência de uma redação eliminatória, muita gente não chegaria aonde chegou. No Brasil qualquer cidadão pode chegar a presidência da República; mas se quiser ingressar, por exemplo, no Banco do Brasil, tem de submeter a rigorosos exames. Às vezes me surpreendo inconformado com isso.
Recentemente, uma revista especializada em língua portuguesa soltou matéria sobre o falar do presidente da República. À guisa de comentário, lê-se ainda na capa:
A polemica sobre os erros de Lula reflete o abismo existente entre a norma culta e o Português cotidiano.
De fato, existe um abismo entre a norma culta e o português cotidiano ou língua popular. Justamente porque as pessoas não conhecem o idioma nem se convenceram da importância de conhecer a norma culta.
Na mesma revista especializada em língua portuguesa, escreve um colaborador, em relação ao tipo de fala do presidente da República:
Muitas vezes, nada mais é do que uma forte reação ao fato de um operário metalúrgico ocupar o cargo de presidente da