Professor
O AMBIENTE COMO CAMPO E A JUSTIÇA AMBIENTAL À LUZ DA TEORIA DO PODER
SIMBÓLICO DE PIERRE BOURDIEU
LAYS HELENA PAES E SILVA
Resumo: No presente artigo, desenvolveremos um diálogo com a teoria do poder simbólico de
Pierre Bourdieu. Nossa intenção é empreender uma análise do ambiente enquanto campo no interior do qual se desenvolvem conflitos tanto simbólicos quanto materiais entre os agentes que o constituem. Estes agentes ocupam posições distintas – e desiguais – no interior do campo ambiental, de acordo com a qualidade e a quantidade de poder (capital) a que tem acesso, o que determina um jogo de forças que levará à manutenção ou modificação das estruturas do campo.
Neste contexto, analisaremos a busca por justiça ambiental como um conflito em que estão em jogo ideologias distintas e diferentes concepções de ambiente e em que as injustiças ambientais reproduzem no campo ambiental a dominação exercida no campo social.
Palavras-chave: Pierre Bourdieu, campo ambiental, justiça ambiental, poder simbólico.
Cabo dos Trabalhos, n. 7, 2012
Revista electrónica dos doutoramentos do Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra
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Lays Helena Paes e Silva
1. Introdução
A emergência da ideia de existência de uma crise ambiental e a forma como tal crise foi inicialmente concebida – e continua a ser em muitos casos – denotam claramente a forma como se construiu uma abordagem não relacional desta temática. A partir da metade do século XX, foram diversos os eventos que defrontaram a humanidade à possibilidade de catástrofes ecológicas, o que levaria ao nascimento – segundo o historiador norte-americano Donald Worster (1992) – de uma nova era, uma verdadeira era ecológica. Fenómenos tais como a dilapidação dos recursos naturais, uma furiosa e desregrada industrialização e o elevado e agravado nível das poluições levariam a que as