Professor
Alfabetização nos quilombos Ipiranga e Guruji a solução tem raiz africana (1909 – 1993)
Como é ser escritor em Moçambique?
“Vou contar um pequeno episódio que pode ajudar a responder a essa questão. Um dia eu estava chegando em casa e já estava escuro, já eram umas seis da tarde. Havia um menino sentado no muro à minha espera. Quando cheguei, ele se apresentou, mas estava com uma mão atrás das costas. Eu senti medo e a primeira coisa que pensei é que aquele menino ia me assaltar. Pareceu quase cruel pensar que no mundo que vivemos hoje nós podemos ter medo de uma criança de dez anos, que era a idade daquele menino. Então ele mostrou o que estava escondendo. Era um livro, um livro meu. Ele mostrou o livro e disse: “Eu vim aqui devolver uma coisa que você deve ter perdido”. Então ele explicou a história. Disse que estava no átrio de uma escola, onde vendia amendoins, e de repente viu uma estudante entrando na escola com esse livro. Na capa do livro, havia uma foto minha e ele me reconheceu.
Então ele pensou: “Essa moça roubou o livro daquele fulano”.
Porque como eu apareço na televisão, as pessoas me conhecem. Então ele perguntou: Esse livro que você tem não é do Mia Couto?”. E ela respondeu: “Sim, é do Mia Couto”. Então ele pegou o livro da menina e fugiu. Essa história é para dizer que, para uma parte dos moçambicanos, a relação com o livro é uma coisa nova.”
Parte de uma entrevista de Mia Couto – Escritor de Moçambique
Figura 1: Carteira de identidade da Professora Lina Rodrigues do Nascimento
Fonte: Arquivo do autor
Este trabalho, vinculado ao Grupo de Estudos e Pesquisas “História, Sociedade e
Educação no Brasil” – HISTEDBR – GT/PB e ao projeto de pesquisa intitulado
“Educação e Educadoras na Paraíba do Século XX: práticas, leituras e representações”, têm como objetivo desvelar e analisar a biografia da educadora paraibana Lina
Rodrigues do Nascimento.
O que me despertou interesse por esse tema foi um