Processo e Ideologia
O Paradigma Racionalista
CAPÍTULO I - O pensamento ideológico
Francis Bacon, ilustre representante do racionalismo, foi autor da primeira manifestação que se conhece a respeito do que, depois, passou-se a chamar de pensamento ideológico. De acordo esse pensador, se nos livrássemos das noções falsas, devidas à influência das ideologias, poderíamos alcançar o pensamento puro, capaz de revelar a essência das últimas verdades.
Inicialmente, o movimento racionalista, aperfeiçoado por Descartes, afirmou que homem só conseguiria penetrar na essência das coisas se fosse capaz de desligar-se inteiramente de seus laços culturais e das doutrinas filosóficas tradicionais. E a busca de teorias puramente racionalistas gerou, por diversas vezes, nos mais variados ramos da ciência, a certeza de seu atingimento.
A certeza da perenidade da ciência contemporânea ao homem ao longo da sua história retrata e explica alguns fenômenos da modernidade, como a impossibilidade do homem moderno em relativizar a sua ciência e seus próprios fundamentos culturais. Para ele, as ilusões dos antigos tiveram apenas a função de permitir que nosso mundo moderno se formasse, com seus princípios, inclusive morais, incapazes de serem alterados.e substituídos por outros. Este modo de pensar autoriza supor que também o nosso Direito seja natural, por isso que científico, em sua acabada racionalidade. Supomos que as instituições jurídicas, fiéis ao pensamento racionalista de Bacon, acabaram liberando-se das ideologias. Esta é uma das tantas contradições do pensamento moderno.
A prepotência do pensamento moderno, o qual crê ter encontrado verdades absolutas, portanto destituído de ideologias, demonstra sua fragilidade quando estudamos a história de forma crítica, a exemplo da utopia por trás do Estado de Welfare State:
Após a "vitória" do regime liberal democrático sobre o regime soviético, os pensadores liberais supuseram que a eficácia do novo regime simbolizava