Problematização da Antropologia Estrutural
Essa linha de raciocínio é guiada primariamente pelo conceito durkheimiano de consciência coletiva, que representa um conjunto de ideias exterior ao indivíduo. Essa ideia, em seu mais alto grau, proposto por Lévi-Strauss, acaba por anular o sujeito em nome da concepção de que a sua existência social independe da sua operação individual. Esse parecer me soa “anti-humanista”, principalmente por estar dentro dos estudos da Antropologia - que é, essencialmente, o estudo do Homem.
Entretanto, parece-me viável que alguns estudos dentro da chave antropológica se valham da concepção de que há elementos que se combinam e recombinam, num movimento de organização da cultura e da sociedade tal como é de nosso conhecimento. Um bom exemplo é o estudo do mito, ou das estruturas de parentesco, como já fora abordada por Lévi-Strauss de maneira inventiva.
De mesmo modo, é compreensível a ideia de que há uma enorme cadeia de analogias formadas pela co-relação de uma série de elementos que concernem aos significados culturais para determinada sociedade. Contudo, não me parece claro por que esses significados são construídos por meio de pares de oposições. Apesar de, segundo Leví-Strauss, essa dialética ser parte inerente do pensamento humano e é a ela que devemos os símbolos que regem a nossa co-existência em sociedade, não me parece que essa visão maniqueísta de mundo seja característica dos seres humanos, mas socialmente induzida.