Problemas ambientais
No início do século V a.C., na Grécia, escritos da escola Hipocrática, sobretudo Sobre os Ares, as Águas e os Lugares, destacam a relação entre as doenças, principalmente as endêmicas, e a localização de seus focos. O reconhecimento da influência do lugar no desencadeamento de doenças permitiu o desenvolvimento de uma nova visão intelectual da medicina que estudava, refletia e criava hipóteses sobre o papel do meio ambiente nas condições de saúde das populações (Barret, 2000). Reconhecia-se que diferenças geográficas resultavam em diferentes padrões de doenças, mas alguns elementos geográficos eram mais valorizados, tais como o clima, a vegetação e a hidrografia. Rosen (1958) afirma que essa obra constituiu o primeiro trabalho sistemático a apresentar uma relação causal entre fatores ambientais e doenças e que por 2000 anos foi a base da epidemiologia, fornecendo os fundamentos do entendimento de doenças endêmicas e epidêmicas. Além disso, a cidade-estado grega provia serviços de saúde para os pobres e os escravos e funcionários das cidades eram designados para verificar a drenagem pública e o fornecimento de água. Tulchinsky e Varavikova (2000) afirmam que Hipócrates deu à medicina um sentido científico e ético que perdura até o presente.
Segundo Lemkow (2002), o higienismo e os movimentos sanitaristas posteriores foram fortemente influenciados pela obra de Hipócrates, e seus seguidores têm no meio ambiente a base para a identificação da origem e da solução dos problemas de saúde.
Quando Roma conquistou o mundo Mediterrâneo e herdou o legado da cultura grega, ela também aceitou as concepções de saúde dos gregos, mas enriqueceu-as com trabalhos de "engenheiros e administradores", na construção de sistemas de coleta de esgotos, banheiros públicos e rede de abastecimento de água, para uma cidade que chegou a ter um milhão de habitantes no século II d.C.