Privatização da água
Intervenção em representação da Associação Água Pública na Audição Parlamentar realizada pelo Grupo Parlamentar do PCP sobre "as consequências do programa de privatizações no desenvolvimento do país"
Vou referir só muito em geral a privatização da água que está em curso, para centrar-me na privatização dos serviços de abastecimento de água, focando dois aspectos:
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A gravidade acrescida da privatização dos serviços de água quando associada à submissão à troika estrangeira e as consequências previsíveis no agravamento da pobreza extrema e na precarização sanitária.
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A sensibilidade e potencial de mobilização da enorme maioria da população para defender o seu direito à água, que não tem paralelo com a oposição a outras agressões.
Conclui-se que a brutalidade da privatização da água no contexto das políticas impostas tem provado desenvolver massivamente a força oposta activa das populações. Essa força pode alterar o rumo político e minimizar ou mesmo impedir as suas gravíssimas consequências.
A PRIVATIZAÇÃO DA ÁGUA
A privatização da água não é uma "novidade" deste momento, é um processo que tem vindo a ser conduzido há pelo menos duas décadas pelo PSD, PS e CDS.
E só não está completamente consumado porque ainda não conseguiram.
Mas está muito adiantado. Foram removidas as barreiras constitucionais e legislativas e já se iniciou a privatização de facto em várias frentes simultâneas:
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a água da natureza - os rios, as margens e as praias, os oceanos e os seres vivos que os habitam •
as infraestruturas públicas: barragens, centrais hidroeléctricas, portos, infraestruturas de abastecimento de água e de águas residuais, estações de tratamento de águas, infraestruturas de rega e drenagem, etc.
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os serviços públicos, em particular o abastecimento de água e saneamento de águas residuais. Como parte desse