Primeiro ato
Lucienne Ellem Martins Coutinho[1]
RESUMO
Descreverei a história da Dança Clássica no Brasil, desde a sua entrada no Rio de Janeiro até sua chegada em Belém do Pará. Tratarei o Ballet de Cour, o Ballet Romântico, o Ballet Clássico e o Ballet Neoclássico, conforme sugere Eugenio Barba[2], como técnicas corporais extra-cotidianas. A conceituação de cada Ballet possibilitará a compreensão da introdução e da difusão técnica da dança, no Brasil.
Palavras-chave: Dança Clássica; Ballet de Cour; Ballet Romântico; Ballet Clássico; Ballet Neoclássico
BRASIL: A DANÇA CLÁSSICA ENTRA EM CENA
As companhias de Ópera vindas da Europa, no final do século XIX, que se encontravam em turnê pela América do Sul, optavam por se apresentarem nas principais capitais do Brasil. Constituíam-se de instrumentistas, bailarinos, atores, cantores e principalmente, a equipe de apoio. Cabe destacar que a dança, geralmente, era vista entre um e outro ato da Ópera, não se configurando como um espetáculo completo. Já no início do século XX, os Ballets Russes de Serge Diaghilev[3] (ver fig.1) e a Companhia de Anna Pavlova[4] (ver fig.2), apresentaram-se de forma brilhante no Brasil. Destaca-se a ilustre presença da Companhia de Ballet Clássico de Anna Pavlova, regida pelo maestro Alexandre Smallens. Saindo de Porto Rico com destino a Belém do Pará, no navio Curvellho, Anna Pavlova e sua Companhia aportaram na Baía do Guajará no dia doze de março de 1918. Dois dias depois, a Companhia realizava o primeiro ensaio no Theatro da Paz[5], dirigido coreograficamente por Ivan Clustine (1862-1941). Tal Companhia era formada por cem integrantes, compondo-se o elenco de excelentes artistas: Stepa Plazkovieska, primeira bailarina genérica; Wlasta Maslova, bailarina absoluta; Hilda Butzova (1897-1976), primeira bailarina clássica; e Alexandre Volinini (1883-1955), primeiro bailarino dos Teatros de Moscou e Petrogrado[6]. O