Viagens na minha terra
Abigail dos Santos Fonsêca
“A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o viajante se sentou na areia da praia e disse: “Não há mais que ver”, sabia que não era assim. O fim duma viagem é apenas o começo doutra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na Primavera o que se vira no Verão, ver de dia o que se viu de noite, com Sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir. E para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já.” José Saramago
SÍMBOLOS E IMAGENS EM VIAGENS NA MINHA TERRA
Viagens na Minha Terra é uma obra que relata uma viagem feita por Almeida Garrett, seguindo o percurso de Lisboa a Santarém. é ao mesmo tempo verdadeira e simbólica, como afirma o próprio autor. Verdadeira porque de fato a viagem foi realizada em 1843 a mando do político Passos de Manuel. É simbólica, pois vai fazer uso da ficção como meio de representar as manifestações ocorridas em Portugal no século XIX.
Trata-se de uma obra muito especial, considerada por muitos críticos, a mais importante prosa literária em Portugal, através desse livro Garrett procura denunciar o malogro do Liberalismo e o triunfo do Materialismo.
Pode-se afirmar que a obra apresenta um caráter híbrido, visto que a narrativa manifesta características de relato jornalístico, leitura de viagens, novela sentimental, memória autobiográfica, ensaio sociológico-político, diário íntimo, prosa de ficção.
O autor procura descrever com muita maestria a viagem sob diversos aspectos: geográfico, cultural, histórico e