As viagens na minha terra
As Viagens na Minha Terra foram escritas em 1846. Desde logo foi um sucesso de vendas com sucessivas reedições que rapidamente se esgotaram. O acolhimento do público foi marcante, podemos dizer que para isso contribuiu o carácter amplo e global deste livro. Um sentido Abarcador. Vontade de dizer tudo, Ambição Romântica semelhante à de Goethe que foi uma influência decisiva para Garrett que estudou alemão para o ler no original – Ambição revelada e assumida, quando nos diz no segundo capítulo: “Nesta minha viagem Tejo arriba está simbolizada a marcha do nosso progresso humano”…“A crónica do passado, a história do presente, o programa do futuro” - Ironia que se alia ao humor também quando se refere ao livro como “A minha Odisseia” – humor amplo se pensarmos que a distância de Lisboa a Santarém não será mais que 80 quilómetros.
Se Goethe não pode ser considerado romântico ou pelo menos unicamente romântico, Almeida Garrett também não. Sendo um profundo conhecedor do melhor que se produziu dentro deste movimento, foi principalmente um crítico aos abusos do mesmo. Denunciou falsidades e excessos de sentimentalismos e o que há de falso dentro do literário (Nas viagens na minha Terra crítica abertamente Victor Hugo e Charles Dickens), apesar de mais à frente elogiar Victor Hugo muito abertamente. Corrige e expõe as correções do seu pensamento ao leitor num diálogo intenso que mantém sobre a forma de evocações diretas, quer através de perguntas retóricas ou outros recursos de interpolação. Mais do que respeitado, o leitor das Viagens sente-se presente, embora que dentro do ângulo do autor e aqui uma possível viagem: a despersonalização e a impersonalidade. Isto pode parecer paradoxal como quase tudo nesta obra do autor que é considerado o iniciador do Romantismo em Portugal apesar de referir: “Romântico, livrai-me de o ser”.
As Viagens na minha Terra narram uma viagem real que o autor fez de Lisboa a Santarém. Nesta viagem, que hoje em