Primeira parte autoritarismo e transição
Com efeito, enquanto tateava em busca da quadratura do círculo de sua própria institucionalização – isto é, de uma fó rmula que regularizasse e estabilizasse o processo político e consagrasse simultaneamente o arbítrio e a exclusão – a revolução segregava, com o MDB, um p artido que terminou por desempenhar várias funções importantes e ganhar substância. Assim, servindo, por um lado, de principal expressão organ izacional da oposição liberal ao regime, o MDB pôde também, aos poucos, a trair a lealdade dos setores populares urbanos e atuar como denominador comum simbólico capaz de absorver os órfãos não só do antigo PTB, m as também do populismo paulista e dos demais partidos e moviment os que se dirigiam a tais setores. E essas funções se cumpriram sem os v ícios mais óbvios (se se quiser, talvez sobretudo pelas poucas oportunidades de se manifestarem) que acompanharam, nos antigos partidos, as caracter ísticas cuja fusão o
MDB realiza: sem o oportunismo do liberalismo udeni sta, o oficialismo e o peleguismo petebistas, a manipulação e o localismo ademaristas etc. Dada a natureza do amálgama que o partido veio a realizar e os aspectos positivos que marcaram sua atuação nesse sentido, a contamina ção pelo
“fisiologismo” de um Chagas Freitas surge como cont rapeso que surpreende antes pelo que tem de restrito e possive lmente extirpável com