Presença pedagogica leitura e escrita
SONIA KRAMER*
ste texto trata da importância da leitura e da escrita. Mais especificamente, trata da importância da leitura e da escrita na nossa formação como professores. E por que esse tema nos interessa? Por que é necessário falar dele? Estudando o que lêem e escrevem os professores, entrevistando-os, ouvindo seus relatos, registrando suas falas, tenho buscado compreender as relações que foram estabelecendo com a escrita ao longo de suas trajetórias de vida e de trabalho. Muitos falavam da importância da família na criação do gosto de ler e do papel secundário desempenhado pela escola; alguns diziam já ter gostado de ler um dia, outros relatavam as muitas lembranças – boas ou más – que a conversa sobre leitura e escrita neles suscitava, do dever de ler imposto pela escola em que tinham sido alunos. Ficamos conhecendo histórias de desprazer, imposição, obrigatoriedade.
* Professora da PUC Rio. Imagens: Dante mostrando a Divina Comédia (séc. XV).
E
LEITURA ESCRITA COMO EXPERIÊNCIA – SEU PAPEL NA FORMAÇÃO DE SUJEITOS SOCIAIS
Isso nos assustou e preocupou.
Em outro momento, perguntei: A escola produz não-leitores? A leitura na escola se fecha em leitura da escola, onde notas, "provas de livros", fichas e apostilas com resumos das histórias ocupam o tempo e o espaço que poderiam ser destinados a simplesmente ler e desfrutar o livro? A aversão pelos textos literários, pela literatura, é ensinada na escola? Tenho ouvido também depoimentos de muitos colegas que, quando jovens, jogaram fora, queimaram ou rasgaram textos que escreveram. Terá sido vergonha, timidez, medo de mostrar para o outro e ser criticado? Ou terá sido a própria escola que ensinou a temer a folha em branco e a tremer diante dela? Afinal, na escola, o que a gente escreve é para ser lido ou para ser corrigido? Será que temos tido a possibilidade de ler e de escrever e de