Preconceito
A possibilidade, ou mesmo probabilidade, de comporta¬mento conformístíco emprestam à unidade do verdadeiro e do correto nas relações sociais um conteúdo bastante diverso daquele que apresenta na atividade do trabalho.
Temos sempre uma fixação afetiva no preconceito. Por isso, era ilusória a esperança dos luministas de que o pre¬conceito pudesse ser eliminado à luz da esfera da razão. Dois diferentes afetos podem nos ligar a uma opinião, visão ou con¬vicção: a fé e a confiança.
A fé e a confiança distinguem-se entre si nos planos an¬tropológico, epistemológico e ético. As diferenças epistemoló¬gicas e éticas baseiam-se nas antropológicas.
• A fé nasce da particularidade individual, cujas necessidades satisfaz. Todo homem é, ao mesmo tempo, ente particular-individual e ente humano-¬genérico, ou seja, uma "singularidade" e, simultaneamente, uma parte orgânica da humanidade, da história humana.
• A confiança enraíza-se no indivíduo. O indivíduo está numa relação menos consciente com sua essência humano-genérica e com sua particularidade indi¬vidual.
O modo de "provar" se um preconceito social tem função de preconceito também no indivíduo ou carece dela consiste sempre na confrontação com os fatos.
Partimos do fato de que a vida cotidiana produz, em sua dimensão social, os preconceitos, bem como de que a base antropológica dessa produção é a particularidade individual ao passo que o "tecido conjuntivo" emocional é a fé.
A maioria dos preconceitos, embora nem todos, são pro¬dutos das classes dominantes, mesmo quando essas pretendem, na esfera do para-si, contar com uma