Preconceitos linguísticos Nildo Viana* No interior de uma multiplicidade de formas de preconceito uma vem se destacando e possui uma relação muito estreita com o processo educacional: o preconceito lingüístico. A maioria das abordagens do preconceito lingüístico se limita a descrevê-lo e denunciá-lo sem apresentar suas raízes sociais e seu envolvimento na dinâmica das lutas sociais, inclusive as travadas no interior do sistema escolar. O presente texto é apenas uma pequena contribuição visando superar a superficialidade na abordagem deste tema. Uma das condições de possibilidade do preconceito lingüístico se encontra na distinção na linguagem. É somente quando tal distinção surge é que se torna possível esta forma de preconceito. A distinção lingüística existe desde que etnias com línguas diferentes se encontraram. No entanto, tal distinção e o preconceito derivado dela tem sua solidificação estabelecida após o processo de colonização derivado da expansão capitalista. Os gregos demonstravam elementos que podem ser interpretados como sendo preconceito lingüístico mas é com a expansão capitalista via colonização que este processo se torna mais intenso. O preconceito lingüístico ocorre de forma ainda mais intensiva no interior de um Estado-Nação, sendo mais forte em países de unificação tardia ou no qual convivem vários dialetos, mas está presente em todos os países, mesmo os que possuem maior homogeneidade lingüística. Explicar isto remete ao entendimento da divisão social no interior de uma sociedade e em suas ressonâncias na esfera da linguagem. Trata-se do preconceito originado da distinção entre a "língua culta" e a linguagem coloquial, ou a normatização da linguagem e a distinção entre "certo" e "errado". Tal preconceito tem origem no processo de normatização da língua feita pelo sistema escolar e pelos setores intelectualizados da sociedade. As classes