povos tradicionais
Introdução / Autodeterminação “O cipozeiro é aquele que vive mesmo é do cipó. A gente tá sempre envolvido com ele, é um dinheiro que ajuda muito. Fui criado no cipó, eu, meus irmãos. Agora são meus filhos, meus netos. O colégio, as coisas, tudo com cipó. Desde cedo no mato e na arte. Porque tecer é uma arte, né? Vai olhando, vai inventando, criando peça diferente, e ensinando também.”1
“E mesmo que a gente fique rico, a gente continua tirando cipó, porque é feito uma terapia, um costume, fica todo mundo junto, a família junta.“2
Cipozeiro é aquele que vive da extração do cipó imbé e o utiliza para fabricar artesanato de cestos e demais utensílios domésticos. Apesar de o trabalho de extração e beneficiamento de cipó ser exaustivo e, em certos casos, pouco rentável, as pessoas que vivem dele o reconhecem como um fator importante de pertencimento social e de determinação da cultura, lutando para que as condições de trabalho e de mercado melhorem e os permita ter maior qualidade de vida. Se diferenciam os coletores de cipó que apenas se aventuram nessa atividade econômica para conseguir dinheiro extra, praticando uma extração predatória sem compromisso com a conservação das plantas para que voltem a brotar e sem domínio dos conhecimentos dos cipozeiros tradicionais. Estes são chamados de “cipozeiros da cidade”.
A partir dos trabalhos de Mapeamento Situacional dos Cipozeiros, sob a responsabilidade da Nova Cartografia Social, PNCS e MICI (Movimento Interestadual de Cipozeiros e Cipozeiras), foi estimado em 2010 um total de cerca de 10.000 pessoas que se autodefinem cipozeiras, espalhadas por cidades do Norte e Sul de Santa Catarina (nos municípios de Garuva, Joinville, Araquari, Itapoá), no Paraná (no município de Guaratuba) ao Norte do Estado de São Paulo. “Os cipozeiros (...) são descendentes de colonizadores de origem europeia (alemães, poloneses, italianos e portugueses), e vivem em pequenas propriedades na área rural. Podem complementar a