POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS MOVIMENTAM OS SERTÕES DE MINAS GERAIS: em cena novos sujeitos sociais
DE MINAS GERAIS: em cena novos sujeitos sociais
Carlos Alberto Dayrell1
À Alvimar e Zilah cuja trajetória nos serve de exemplo com a causa dos povos do sertão2.
Em outubro de 1967, após cinco dias de cerco em uma gruta da região de
Cachoeirinha, hoje município de Verdelândia3 (MG), a policia militar mineira precisou chamar um comando especial do DOPS, vindo de Belo Horizonte, para ajudar no combate de uma perigosa célula comunista que estaria implantando a resistência armada na região norte mineira e enfrentando as forças públicas. Este reforço, contando com mais quarenta homens, veio a se juntar a outro vindo do Batalhão de Montes Claros, três dias antes, e já contava com um pesado arsenal de guerra. Tanta movimentação chamou a atenção da opinião pública, inclusive da imprensa que, ao acompanhar o caso, obrigou o estabelecimento de uma negociação para que os bandidos se entregassem vivos.
Então, após cinco dias de artilharia pesada, explosões de bananas de dinamite, de gás lacrimogênio e até mesmo incêndio provocado por gasolina esparramada na porta da gruta e, como baixa entre os policiais, um morto e dois feridos, apareceu na porta da gruta um vulto esquelético, com o corpo recoberto de fuligem de carvão e fumaça. A perigosa célula comunista era constituída apenas de um homem conhecido como
Saluzinho armado com uma garrucha, cujo crime foi o de defender o posseiro Teço contra os jagunços a mando do fazendeiro Oswaldo Antunes. É assim que Luiz Chaves nos relata na Revista Verde Grande4 a saga deste camponês que se insurge contra a violência policial a mando dos interesses dos fazendeiros que avançavam sobre um vasto território até então ocupado por comunidades negras e que encontrava-se desde então aberto à grilagem5 (Chaves, 2006).
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Técnico e pesquisador do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas, Mestre em
Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável –