Possibilidade de questionamento
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Letras
Possibilidade de Questionamento
Introdução aos Estudos Literários II
Professor Marcos Natali
1º Horário
Roberta Fagundes Paschoalinoto 8025920
OUT/2012
“a liberdade de leitura, qualquer que seja o preço a pagar, é também a liberdade de não ler. (...) Ou ainda: na leitura, o Desejo não pode ser destacado, por mais que isso custe às instituições, de sua própria negatividade pulsional.”
(R. Barthes, “Da leitura”, p.46)
A história da teoria literária, durante muito tempo, não se preocupou com a figura do leitor, uma vez que sua subjetividade não contribuiria para a formação de uma ciência. No entanto, com a Estética da Recepção, surge uma tentativa de buscar o sentido do texto se baseando no momento da recepção, ou seja, a importância é o efeito do texto no leitor. É com essa perspectiva que, adiante, será discutido o direito à leitura. A literatura, dada como fator de humanização, é definida como prática discursiva na qual está em questão os limites da língua, do humano, da consciência e da capacidade de exprimir. Ainda que todos os povos tenham contato com a literatura, há um risco para a universalidade. Trata-se de uma possibilidade de não dar certo o que chamaríamos de aventura intelectual, isto é, de alguém não aceitar o que se oferece. Afinal, como oferecer uma leitura? Certamente, ninguém convence alguém à ler valorizando a literatura, até porque não se ama as obras porque são obras literárias. Um indivíduo pode ter em sua biblioteca pessoal uma série de livros adorados, outra série de livros odiados. Segundo Roland Barthes, a leitura é o texto que, à lógica da razão e do símbolo, escrevemos em nossa cabeça quando lemos. Constituindo uma verdade lúdica, está associada ao prazer e ao desejo. Ora, não há desejo sem repulsa. O desejo é uma espécie de falta: se deseja algo por aquilo que os outros não tem. Uma vez que não é