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Max Shulman
Eu era frio e lógico. Sutil, calculista, perspicaz, arguto e astuto – era tudo isso. Tinha o cérebro poderoso como um dínamo, preciso como uma balança de farmácia, penetrante como um bisturi. E tinha - imaginem - só 18 anos.
Não é comum ver alguém tão jovem com um intelecto tão gigantesco. Tomem, por exemplo, o caso do meu companheiro de quarto na universidade, Petey Bellows.
Mesma idade, mesma formação, mas burro como uma vaca. Um bom sujeito,compreendam, mas sem nada lá em cima. Do tipo emocional. Instável,impressionável. Pior que tudo, dado a manias. Eu afirmo que a mania é a própria negação da razão. Deixar-se levar por qualquer nova moda que apareça, entregar-se a alguma idiotice só porque os outros a seguem, isto, para mim, é o cúmulo da insensatez. Petey, no entanto, não pensava assim.
Certa tarde, encontrei-o deitado na cama com tal expressão de sofrimento no rosto que o meu diagnóstico foi imediato: Apendicite!
- Não se mexa. Não tome laxativos. Vou chamar o médico.
- Marmota... - balbuciou ele.
- Marmota? - disse eu interrompendo minha corrida.
- Quero um casaco de pele de marmota - gemeu ele.
Percebi que o seu problema não era físico, mas mental.
- Por que você quer um casaco de pele de marmota?
- Eu devia ter adivinhado - gritou ele, dando tapas nas próprias têmporas. -
Devia ter adivinhado que eles voltariam com o Charleston. Como um idiota,gastei todo o dinheiro em livros para as aulas e agora não posso comprar um casaco de pele de marmota!
- Quer dizer - perguntei incrédulo - que estão mesmo usando casacos de pele de marmota outra vez?
- Todas as Pessoas Importantes da Universidade estão. Onde você tem andado?
- Na biblioteca - respondi, citando um lugar não freqüentado pelas Pessoas Importantes da Universidade.
Ele saltou da cama e pôs-se a andar de um lado para o outro do quarto.
- Preciso conseguir um