Porque não falamos todos a mesma língua?
Não seria mais fácil se todos falássemos a mesma língua? Afinal, cada espécie animal entende-se perfeitamente entre si. Se os cães têm todos a mesma “língua”, por que raios tivemos nós de complicar?
A verdade é que os cães não falam uma “língua”, mas têm, isso sim, umalinguagem. Também os seres humanos partilham a mesma linguagem, que inclui sons e expressões universais (o riso, por exemplo), que correspondem à linguagem animal, e ainda a capacidade para falar uma ou mais línguas. Dois seres humanos que falem línguas muito diferentes conseguem comunicar as sensações e necessidades básicas, tal como os animais. O que se passa é que, depois, temos algo que os animais não têm: as línguas. Estas últimas variam muito, como sabemos — mas a capacidade de comunicar verbalmente é um aspecto comum a toda a humanidade.
As línguas são uma forma de comunicação exclusiva dos seres humanos. As línguas transmitem-se pela aprendizagem e desenvolvem-se no contacto entre as pessoas, mudando continuamente, adaptando-se ao mundo, acompanhando a capacidade humana de inventar, comunicar, descobrir, mentir, manipular, amar e odiar — em geral, de se relacionar e de fazer coisas em geral. A linguagem animal está irremediavelmente presa à biologia de cada espécie. As línguas permitem libertar-nos da biologia (ou pelo menos, ter a ilusão de que nos libertamos). Se os animais falassem línguas, estas também seriam diferentes de região para região, porque dependem da comunicação contínua no seio duma comunidade mais ou menos próxima.
A Torre de Babel, por Pieter Brueghel
Seja como for, não teria sido possível inventar uma só língua? Ou seja, por que razão não aprendemos todos a mesma língua? Não parece assim tão difícil.
Se pensarmos bem, mais do que difícil, seria impossível: para tal, teria sido preciso criar uma língua universal no momento em que a linguagem humana se estava a desenvolver. Convenhamos que, na Idade da Pedra, não havia uma ONU