PORQUE NÃO SOU CRISTÃO. Neste artigo Russell parte da elucidação do termo ‘cristão’, deixando claro que por cristão não deve ser entendido exclusivamente alguém que busque viver de modo virtuoso, pois, se assim fosse, estariam incluídas as demais pessoas não cristãs que desejam levar uma vida virtuosa. Para Russell cristão é aquele indivíduo que aceita determinados dogmas, a saber, a crença em Deus e na imortalidade da alma. Além disso, como o próprio nome indica este sujeito deve guardar uma posição na qual Cristo deve ser considerado, senão divino, o mais virtuoso e sábio dos homens... Ora, uma vez que Russell admite-se um não-cristão, deve, por conseguinte explicitar porque não acredita em Deus, na imortalidade e na sapiência suprema e perfeição moral de Cristo. No caso do conceito de Deus, Russell refuta alguns argumentos comumente utilizados para provar sua existência por meio da razão. Um desses argumentos, talvez o mais simples e por isso mesmo um dos mais fortes, é o da “causa primeira”. Tal argumento diz que tudo o que existe no mundo possui uma causa. Logo, se retrocedermos na cadeia de causas e efeitos, chegaremos a uma causa primeira, fundamento de todas as coisas. A esta causa dá-se o nome de Deus. Para Russell,tal argumento perdeu seu peso, porque causa já não é mais tomada da mesma maneira de tempos anteriores. Este argumento poderia, portanto, suscitar a objeção: se tudo tem que ter uma causa, então Deus também tem que ter uma causa. Do contrário, se pode haver algo existente sem uma causa, tanto faz ser Deus ou o mundo. De outro modo, segundo o autor não há porque o mundo não pudesse vir a ser sem uma causa, assim como não há uma razão pela qual o mundo não pudesse ter sempre existido. Outro argumento trabalhado por Russell é o da “lei natural”, no qual se afirma que a uniformidade encontrada na natureza é algo pôsto por Deus. Porém, vê-se no decorrer da história que a maioria das leis naturais podem ser