Por que o Futebol Brasileiro é Cultura?
Leandro Gonçalves Bastos – leandroath@gmail.com – www.deusnasruas.com.br
O futebol desembarcou no Brasil em 1894 através do brasileiro Charles Miller, que havia estudado e jogado no time inglês Southampton. Ele trouxe consigo uma bola, um par de chuteiras, uma bomba de ar e um livro de regras do então novo esporte britânico. O país República, com o café e a industrialização a tona encontrava-se em ebulição diante da busca de sua identidade e projeção da sua imagem a seu povo. Tudo estava favorável para uma sociedade multi étnica e de diversas camadas sociais a adoção de um esporte de alcance nacional entre todas as classes. Antes mesmo do futebol se tornar futebol de fato o brasileiro experimentou um jogo chamado Jogo dos Dribles. Através dele, Miller que atuou como tutor, desenvolveu nos primeiros boleiros do país o que temos hoje de diferencial aos demais e chamamos popularmente de futebol arte – ginga, velocidade e malandragem.
Mas, no início, o que era para ser popular e de massa, tornou-se apenas um esporte de playboy. Somente os caras de família rica praticavam o futebol no Brasil. Era considerado elegante, descolado e status nobre jogar o tal do “football”. Era preciso ter um sobrenome de peso para ser aceito nos primeiros clubes do país. Os primeiros times do Brasil, como Fluminense, Sport Club Rio Grande e São Paulo Athletic Club, Vitória (BA) tinham em seus primeiros elencos universitários de cursos requisitados, que não permitiam negros, pobres e nem mesmo caras de má conduta social. A revolução do subúrbio haveria de impedir essa segregação.
Os menos favorecidos, nesse cenário, cansados de ver, resolveram jogar. Nos subúrbios de Bangu os excluídos infiltraram-se nas peladas de classe alta e pouco a pouco se tornaram maioria. A partir daí, mais operários e menos engenheiros, mais negros e menos brancos. O destino do futebol teria dado então, através do Bangu, um chute