Por que estudar políticas educacionais
Política é o que faz o sujeito que deseja/aspira o poder (WEBER, 1978; 2004). Assim, quem opera na política, não atua por outra razão central senão que conquistar, ampliar ou, mais difícil e mesmo antes, manter o poder (BOURDIEU, 2004; MAQUIAVEL, 1996).
Então, governar (o país, a cidade ou a escola), que é uma ação política, implica em buscar manterse no poder, pois mesmo para continuar governando e, assim continuar atuando na política, tal poder é preciso. Esta dominação, que para Weber é uma forma especial de poder (legitimado/reconhecido), é conduzida com o intuito de primeiramente manter, para depois ampliar, o poder.
A noção de política com a qual trabalhamos nesta obra caminha sob esta leitura da política. Logo, a ação dos sujeitos que atuam na condução dos aparelhos do Estado ou daqueles outros que os enfrentam, deve ser entendida a partir do dissenso entre eles na luta pelo poder.
Os fenômenos próprios do campo das políticas, educacionais e demais políticas sociais, todavia, nem sempre expressam os conflitos a eles subjacentes (NEGT & KLUGE, 1999). A discussão sobre o direito à educação, por exemplo, alcançou um ponto básico de consenso: todos têm direito ao acesso à educação escolar. Porém, a forma para tal acesso e os limites dele (se se trata de acesso físico: vagas, ou, para além, substantivo: condições de aprendizagem) ainda são expressão da disputa entre muitos grupos (intra e extra governo; entre classes e frações de classe social; etc.).
O projeto desse livro, assim, iniciou-se quando os organizadores avaliavam a falta de uma publicação que atualizasse, em uma única obra, os principais temas deste amplo campo de pesquisa e estudos das Políticas Educacionais e servisse de suporte na formação de novos quadros de pesquisadores e professores, mas fizesse tudo isso pautando a leitura da ação pública sobre a educação considerando as diversas faces das disputas pelo poder presentes neste campo.