Políticas Públicas

Resumo: Contribuições feministas para o estudo da violência de gênero (Heleieth I. B. Saffioti)
Violência de gênero é o conceito mais amplo, abrangendo vítimas como mulheres, crianças e adolescentes de ambos os sexos. Os homens detêm o poder de determinar a conduta das categorias sociais, recebendo autorização para punir o que se lhes apresenta como desvio. A ideologia do gênero é insuficiente para garantir a obediência das vítimas potenciais aos ditames do patriarca, tendo este necessidade de fazer uso da violência. Nada impede que uma mulher pratique violência física. As mulheres não têm um projeto de dominação-exploração dos homens. Com relação a crianças e adolescentes, as mulheres podem desempenhar a função patriarcal. No filme "Lanternas vermelhas" a figura do patriarca mostra que o patriarca pode ser qualquer cidadão, já em outro fim de Yimou, "Amor e sedução" assiste-e ao processo de construção do patriarca, onde a violência se revela desde a infância. A violência de gênero praticada pelo patriarca pode recair sobre outro homem.
Usa-se o conceito de denominação-exploração ou exploração-dominação, porque se concebe o processo de sujeição de uma categoria social com duas dimensões: dominação e exploração. No fenômeno do abuso sexual pode haver exploração econômica, quando o abuso visa à prostituição de outrem. Assim, podemos entender exploração-dominação como um único processo, com duas dimensões complementares.
Segundo conceito de dominação simbólica exposta por Bourdieu, o homem e sua força de ordem pode ser aferida pelo fato que ele não precisa de justificação. A visão androcêntrica se impõe neutra e sem necessidade de se enunciar. Nesse caso, a ordem social funciona como máquina simbólica, tentando ratificar a dominação masculina. A violência simbólica institui-se da adesão que o dominado concede ao dominador, uma vez que não dispõe para pensá-lo ou pensar a si próprio.
A violência simbólica impregna corpo e alma das categorias sociais dominadas,